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Fórum da Igreja Batista Nacional de Areia Branca-RN


    Predestinação (Louis Berkhof)

    Italo Thiago
    Italo Thiago


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    Mensagem  Italo Thiago Qua Out 21, 2009 10:28 am

    Predestinação

    Louis Berkhof

    Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

    Quando passamos da discussão dos decretos em geral para a da predestinação, estamos procedendo do geral para o particular. Predestinação é simplesmente – para expressá-la em termos gerais – o propósito de Deus com respeito a Suas criaturas morais.

    A. Os Objetos da Predestinação

    Predestinação no sentido mais amplo do termo refere-se a todas as criaturas racionais de Deus. Abrange todos os homens bons e maus, e isso não meramente como grupos, mas como indivíduos (Atos 4:28; Rm. 8:29, 30; 9:11-13; Ef. 1:4-6). Além do mais, esse decreto inclui também os anjos, bons e maus. A Bíblia fala não somente de “santos anjos” (Marcos
    8:38; Lucas 9:26), e de anjos maus que não guardaram seu primeiro estado (2Pe. 2:4; Judas 6); mas faz também menção explícita de anjos eleitos (1Tm. 5:21), implicando assim que existem também anjos não-eleitos.

    Visto que muitos dos anjos nunca caíram, a predestinação dos anjos não pode ser concebida da mesma forma que aquela dos homens. Deus não escolheu certo número de anjos dentre a massa comum caída, deixando os outros perecem em seu pecado. A predestinação deles consiste nisso: que Deus decretou, por razões suficientes para Si mesmo, dar a alguns anjos, em adição à graça com a qual foram dotados na criação e que incluía poder suficiente para permanecerem santos, uma graça especial de perseverança, e privou os outros dessa. Finalmente, Cristo como o Mediador foi também o objeto da predestinação divina. Isso significa simplesmente que, como Mediador, Ele era o objeto especial do bom prazer de Deus (1Pe. 1:20, 2:4).

    As Duas Partes da Predestinação

    A predestinação inclui duas partes, a saber, eleição e reprovação.

    1. ELEIÇÃO

    A Bíblia fala de eleição em mais de um sentido: (a) a eleição de Israel como um povo para um serviço especial e também para privilégios especiais (Dt. 4:37; 7:6-8; 10:15; Os. 13:5); (b) a eleição de indivíduos para algum ofício ou serviço especial (Dt. 18:5; 1Sm. 10:24; Sl. 78:70; Jr 1:5; João 6:70; Atos 9:16); e (c) a eleição de indivíduos para serem filhos de Deus e herdeiros da glória eterna (Mt. 22:14; Atos 13:48; Rm. 1:5; 1Co. 1:27, 28; Ef. 1:4; 2:10). A última é a eleição que está em consideração aqui como uma parte da predestinação. Ela pode ser definida como o propósito eterno de Deus de salvar alguns da raça humana em e por Jesus Cristo.

    2. REPROVAÇÃO

    A doutrina da eleição naturalmente implica que alguns da raça humana não foram eleitos. Se Deus propôs salvar alguns, Ele também propôs não salvar outros. Isso está em perfeita harmonia com os ensinos da Escritura sobre esse ponto (Mt. 11:25, 26; Rm. 9:13, 17, 18, 21, 23; 11:7; 1Pe. 2:8; Judas 4). Reprovação pode ser definida como aquele decreto de Deus pelo qual Ele determinou privar alguns homens da operação da Sua graça especial, e puni-los por seus pecados, para a manifestação da Sua justiça. Dessa definição a reprovação parece ter realmente um propósito duplo, a saber, (a) privar alguns da concessão de regeneração e graça salvadora; e (b) conceder a eles a desonra e a ira de Deus pelos seus pecados. A objeção é algumas vezes levantada que essa doutrina expõe Deus à acusação de injustiça. Mas isso é dificilmente correto. Podemos falar de injustiça somente quando uma parte tem uma reivindicação sobre a outra. Se Deus concedeu perdão dos pecados e vida eterna a todos os homens, seria injustiça se Ele salvasse apenas um número limitado deles. Mas a situação é bem diferente onde todos perderam as bênçãos de Deus. Ninguém tem o direito de chamar Deus para prestar contas sobre a
    eleição de alguns e rejeição de outros. Ele teria sido perfeitamente justo, se não tivesse salvado nenhuma alma humana (Mt. 20:14, 15; Rm. 9:14, 15).

    B. A Questão do Supra- e Infralapsarianismo

    A doutrina da predestinação nem sempre foi apresentada exatamente na mesma forma. Supra- e infralapsarianos têm confrontado um ao outro, e ainda hoje co-existem em todos os círculos Reformados. As limitações deste Manual nos permitem discutir os méritos relativos do Supra- e Infralapsarianismo, e, portanto, limitar-nos-emos a uma declaração simples da diferença entre as duas visões. A diferença pertence primariamente à ordem dos decretos divinos. A questão é se, no plano de Deus, os decretos de eleição e reprovação precedem ou seguem os decretos de criar o mundo e permitir a queda.3 Isso envolve naturalmente outra questão, a saber, se no decreto de predestinação Deus considerou o homem como já criado e caído, ou como um objeto ainda a ser criado e que cairia com certeza. A ordem resultante em cada caso é o que segue:

    1. A Ordem Supralapsariana

    A ordem supralapsariana pode ser declarada dessa forma:a. Deus primeiro decretou glorificar a si mesmo na salvação de
    alguns homens e na condenação de outros, que nesse estágio existiam em Sua mente somente como possibilidades.
    b. Como um meio para esse fim, Ele decretou criar aqueles já
    eleitos ou reprovados.
    c. Para a consumação do plano até aqui formado, Ele decretou
    ainda permitir que o homem caísse.
    d. Finalmente, Ele decretou prover um caminho de salvação para o eleito e levá-los à glória eterna, ignorando os outros e
    destinando-os à destruição eterna por causa dos seus pecados.

    2. A Ordem Infralapsariana

    Embora a ordem supralapsariana possa ser considerada como a mais ideal das duas, a infralapsariana é a mais histórica:
    a. Deus decretou primeiro criar o homem.
    b. Então Ele decretou permitir a queda do homem.
    c. Em seguida, Ele decretou eleger à vida eterna certo número de
    pessoas dentre a raça caída e justamente condenada, e ignorar
    os outros, destinando-os à destruição eterna por causa dos seus
    pecados.
    d. Finalmente, Ele decretou prover um caminho de salvação para
    os eleitos.
    “Em minha opinião, essa é uma questão que nunca deveria ter sido levantada… o decreto de Deus não tem
    sucessão; e para Ele não existe nenhuma ordem sucessiva de partes; pois o decreto é uma unidade
    contemporânea, cujas partes são compreendidas todas juntas, por uma intuição infinita” (R. L. Dabney,
    Systematic Theology, p. 233).

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