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Fórum da Igreja Batista Nacional de Areia Branca-RN


    Diálogo entre Crisanto e Daria

    Willamy David
    Willamy David


    Mensagens : 94
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    Diálogo entre Crisanto e Daria Empty Diálogo entre Crisanto e Daria

    Mensagem  Willamy David Sáb Fev 20, 2010 10:22 am

    Crisanto era um nobre e jovem romano, filho de senador, que abraçara a fé em Jesus Cristo. Seu pai, incomodado com a resolução do filho, tenta de tudo a fim de dissuadí-lo. Então, numa tentativa de afastá-lo da fé, convence Daria a trazê-lo à adoração aos seus deuses.

    Daria era uma bela e inteligente donzela, possuía um brilhante intelecto e sobrepujava suas companheiras em beleza e graça. Ela era uma moça devota aos deuses adorados pelos romanos, especialmente de Palas Minerva. Era uma moça nobre e generosa, amada por todos... Dificilmente alguém a rejeitaria.

    Sendo uma moça virgem e bela, e crendo que ela seria capaz de persuadir Crisanto, Polêmio, pai do jovem, tencionava fazê-la esposa de seu filho.

    Observem o diálogo entre os dois e vejamos os argumentos de Crisanto, que foram capazes — claro, pela graça de Deus — de fazerem Daria adorar somente ao único Deus verdadeiro:

    — Ilustre e bela donzela, se foi para uma breve união comigo, e para induzir-me a abandonar a minha resolução, a mim, que estou inflamado de amor por outra pessoa, que recorreste a estes caros ornamentos e belos vestidos, estás grandemente enganada. Não preferes buscar o amor do Filho imortal de Deus? Tal tarefa não é difícil, se a desejares. Se preservares imaculados a tua alma e o teu corpo, os anjos de Deus cuidarão de ti; os apóstolos e mártires serão teus amigos, e o próprio Cristo será teu esposo. E Ele, que é Todo-poderoso, preparar-te-á um aposento de pedras preciosas sem mancha em seu reino eterno, preservar-te-á a flor de tua beleza juvenil, e inscrever-te-á no livro da vida, para um rico dote.

    Daria comoveu-se com estas palavras. A vergonha de ser considerada uma simples meretriz despertou-lhe os nobres sentimentos do coração. A seriedade do jovem ao falar, e as sublimes e misteriosas promessas de felicidade sem fim, levaram-na a arremessar ao chão a máscara do engano e da hipocrisia com que pensara conquistar as afeições do rapaz. A sua resposta foi nobre e sincera:

    — Acredita-me, Crisanto! — confessou agitadamente. — Não foi o fascínio de uma vil paixão que me trouxe aqui. Fui impelida pelas lágrimas de teu pai a trazer-te de volta à tua família e à adoração de nossos deuses.

    — Bem, se tens, então, qualquer argumento que me possa induzir a mudar minha resolução — aquiesceu Crisanto —, ouvir-te-ei pacientemente. Vamos pesar calmamente as coisas para nosso mútuo benefício.

    Ele chegou mais perto dela, e iniciaram uma conversa verdadeiramente interessante e filosófica, que apresentaremos abreviadamente dos Atos, como se lê em Sarius (28 de outubro).

    — Nada — afirmou Daria — pode ser mais útil e necessário ao homem que a religião. — Quando negligenciamos esta função primordial de nossa existência, corremos o risco de suscitar a ira dos deuses.

    — E que adoração, mais sábia das virgens, devemos oferecer aos deuses? — indagou Crisanto.

    — A adoração que os induzirá a proteger-nos.

    — Como podem proteger-nos, quando carecem eles mesmos da proteção de um cão para não serem roubados pelos ladrões noturnos, e precisam ser fixados ao pedestal com cravos de ferro e chumbo, para evitar que caiam e se espatifem?

    — Isto é verdade — replicou Daria. — Mas se a multidão inculta pudesse adorar sem imagens, não haveria necessidade de se fazê-las. De fato, elas são feitas de mármore, prata e bronze, para que os adoradores vejam com os próprios olhos aqueles a quem devem amar, venerar e temer.

    — Mas consideremos por um momento o que é dito dessas imagens — volveu Crisanto —, para vermos se são dignas de nossa adoração. Certamente tu não considerarias deus uma pessoa ou objeto que não pudesse mostrar qualquer prova externa de glória ou santidade. Que sinais de honradez possui o alferes Saturno, que matava os próprios filhos no momento em que nasciam, e os devorava, conforme escrito por seus mesmos adoradores? Que motivos tens tu para louvar a Jove, que cometeu crimes, homicídios e adultérios, tantos quantos foram os dias de sua vida; que maquinou a ruína do próprio pai, foi o assassino dos próprios filhos, um violador de matronas, o marido da própria irmã, um usurpador de tronos, e o inventor das artes mágicas? Uma vez que os escritores o acusam destas impiedades e de outras semelhan¬tes, como podes chamá-lo de deus, e acreditar em teu coração que é um deus? O que pode ser mais absurdo, jovem donzela, que deificar reis e generais só porque foram poderosos e bravos na guerra, mas que os seus próprios adoradores viram morrer como outros mortais? Que princípio de divindade encontras em Mercúrio, a quem os poetas e artistas gostam de repre¬sentar com cabeças de porcos e monstros, e asas estendidas; cujas artes mágicas descobrem os tesouros escondidos da terra, destrói o veneno de cobras, e opera todos os seus milagres pelo poder dos demônios, a quem se oferece diariamente o sacrifício de uma vaca ou um galo? Não são estas as lendas que contam a seu respeito? Onde está a santidade de Hércules, que fatigado de salvar outros do fogo, atirou-se às chamas por sua própria inspiração, e pereceu miseravelmente com sua clava e sua pele? E em Apoio, que virtudes encontras? E nos sacrifícios dionisíacos, em sua intemperança e incontinência? Ainda nos falta falar do Juno real, da estúpida Palas, e da Vênus lasciva.

    Daria sobressaltou-se; nunca antes ouvira a sua amada Minerva ser chamada de estúpida.

    — Não as descobrimos disputando orgulhosamente entre si quem é a mais bonita? As obras dos poetas e historiadores não estão cheias das guerras e misérias trazidas sobre a raça humana por causa da beleza menosprezada de uma dessas deusas vaidosas? Visto que nenhum deles é digno de honra divina, em quem a raça humana, nascida com um impulso natural para a religião, depositaria a sua confiança e adoraria como deus? Não nos menores, certamente, pois não passam de escravos dos outros. 0 caso, então, nobre donzela, é que se os maiores e mais poderosos deuses são tão miseráveis e ímpios, muito mais o serão aqueles que os adoram.

    Poder-se-ia imaginar que o poder e a eloqüência desse discurso houvessem vencido imediatamente todo o preconceito e a vã convicção que Daria, até então, experimentara no paganismo. Entretanto, ela fora dotada com um brilhante intelecto, e a sua réplica às invectivas de Crisanto foram não apenas inteligentes e belas, mas tornou o debate extremamente inteligente, e profundamente filosófico.

    — Mas tu estás consciente, Crisanto, de que todas estas coisas são apenas ficção dos poetas, e não merecem a consideração das mentes sérias. Na escola de nossos filósofos, onde os homens prudentes tratam as coisas como elas realmente são, os deuses não possuem os vícios que mencionaste; seu poder e providência são expressos por nomes simbólicos, que deram origem às fantasias dos poetas. Assim, alegoricamente, o tempo tem sido chamado de Saturno; Júpiter é outro termo para o calor, a luz, e o poder vivificante da natureza; Juno representa o ar; Vênus, o fogo; Netuno, o mar; Ceres, a terra; e assim por diante. Estas coisas não nos servem? Não são dignas de honra?

    — Se estas coisas são deuses — insistiu Crisanto —, por que fazer imagens delas, e adorar representações de coisas que estão sempre presentes? A terra nunca se ausenta, o fogo está sempre à mão, o ar nos rodeia sempre e em toda parte. Como é estranho adorares as imagens destas coisas, e não elas mesmas! Que rei ordenaria ao seu povo desprezá-lo, mas adorar a sua estátua? Pese por um momento a insensatez desta teoria. Aqueles que adoram a terra por venerar-lhe a divindade deveriam diligenciar por demonstrar em sua atitude respeito e honra pela deusa. Deveriam eles rasgá-la com arados e pás, e pisá-la ignominiosamente sob os pés? Outros negam que ela seja uma deusa, e a laceram com arados e rastelos, e demonstram desdém em vez de respeito. Contudo, a qual deles ela se abre com a abundância de suas colheitas e seus frutos deliciosos? Ao que blasfemou e ultrajou-lhe a grande divindade. Se ela fosse realmente uma deusa, dar-se-ia isto assim? De igual modo, o pescador que vai pescar no mar, menosprezando-lhe a divindade, prospera mais que o tolo que fica na praia, adorando Netuno nas ondas que rugem. E assim é com os outros elementos. Eles são dirigidos pela divina providência de um grande Deus, que os criou para o benefício dos homens. Eles não passam de panes de uma grande obra, e são dependentes uns dos outros. A terra produz seus frutos e colheitas; tire, porém, a luz do sol, as chuvas umedecedoras, e o orvalho refrescante e ela tornar-se-á estéril e inútil. O mar rola suas marés poderosas de costa a costa, e sustenta em sua superfície o comércio das nações; ele obedece a leis fixas, e proclama o poder e a glória de seu Criador. Ele, que criou o sol, a terra, o mar e o ar, e anima toda a natureza com a vitalidade da reprodução, é o único digno de honra, reverência e adoração. O estudante não reverencia as cartas ou os livros do preceptor, mas a ele próprio. O enfermo não louva as drogas que o curam, mas o gênio e a habilidade do médico. Assim, nobre donzela, uma vez que as coisas que mencionaste como divinas são inanimadas e dependentes, deve haver outro poder agindo sobre elas e animando-as — o poder de Deus!

    Daria converteu-se. Crisanto mal terminara seu sublime argumento, quando ela atirou-se-lhe aos pés, implorando para ser instruída no conhecimento do Deus verdadeiro.

    Somente o Senhor é Deus! Tudo que há na terra são governados por Seu infinito poder. Oh, adoremos a esse Deus, só a Ele. Não perca tempo, pois Ele mesmo fala:
    "Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo, e a minha palavra não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua. De mim se dira: Tão-somente no Senhor há justiça e força; até Ele virão e serão envergonhados todos os que se irritarem contra Ele."

    (Isaías 45.23-24)
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    Mensagem  Convidad Sáb Mar 06, 2010 10:24 am

    Agente tira por aí o quão capacitados para defender a fé eram os cristãos de antigamente. Se uma pessoa, como Daria, com esses mesmos argumentos, nos confrontasse, muitos de nós não saberia contestá-la. Crisanto, como visto, não era preparado nas Escrituras somente, mas também possuia bastante conhecimento secular, filosófico. Acredito que devemos nos empenhar da mesma forma; não ignorar o conhecimento deste mundo.

    Já copiei pra mim esse texto.

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