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Fórum da Igreja Batista Nacional de Areia Branca-RN


    Graça Irresistível

    Bruno
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    Mensagem  Bruno Seg Jun 29, 2009 12:22 pm

    Graça Irresistível

    Como é aparente a partir da discussão precedente, é em conexão com as operações de Deus em sua graça salvadora que as implicações da afirmação ou negação da doutrina da depravação total vêem à luz. A questão aqui é: Qual é o modo da divina operação do Espírito de Deus ao trazer os homens à fé e ao arrependimento? Todos concordam que os homens são salvos através da fé. Mas a diferença se levanta quando passamos a explicar o fato que, daqueles que indiscriminadamente recebem as ofertas da graça no evangelho, alguns crêem e outros não. A questão não é em termos gerais aquela da graça. Arminianos concordam que os homens não podem ser salvos aparte das operações graciosas do Espírito de Deus no coração. A questão é: Qual é a natureza dessa graça? Qual é a causa da fé? Por que é que alguns crêem para a salvação das suas almas e outros não? Ela é uma graça que pode ser resistida, ou é sempre eficaz para o fim em vista, e, portanto, incapaz de ser frustrada?

    Os Arminianos, embora exibindo certas diferenças entre eles mesmos, estão de acordo que a graça suficiente, quer ela seja considerada como uma possessão natural ou uma concessão graciosa, reside em todos, e, portanto, todos os homens tem a capacidade de crer. A explicação do fato que alguns crêem e outros não reside totalmente numa diferença de resposta da parte dos homens. Essa diferença de resposta pode ser declarada em termos de co-operação com a, ou aperfeiçoamento da, graça de Deus. Mas em todo caso a explicação da diferença reside exclusivamente no livre-arbítrio do homem. Na diferença da resposta da parte do crente em comparação com a do incrédulo, ele não é apenas totalmente responsável, mas ele, no exercício da autonomia que pertence à sua vontade, é o único fator determinante. Deus não faz com que os homens difiram. Ele não opera de uma maneia mais salvadora e eficaz no homem que crê do que ele o faz naquele homem que não crê. Em favor dessa indiscriminação nas operações salvíficas de Deus, o Arminiano é excessivamente zeloso; ele demanda que o que Deus faz em um, ele faz por e em todos igualmente. Em última instância, então, a questão da salvação reside na determinação soberana da vontade humana. Os homens fazem com que eles mesmos difiram.

    Agora é fácil ver que, se o homem é assim capaz de cooperar com ou aperfeiçoar a graça que é comum a todos, deve residir no homem algum vestígio de bondade. De fato, um elemento tão decisivo de habilidade para o bem sobreviveu que o mesmo determina o exercício do evento ou da série de eventos mais importantes na história do indivíduo. E aqui é exatamente onde a posição Arminiana colide não somente com a soberania e eficácia da graça salvadora de Deus, mas com a depravação total do homem pecador.

    Em magnificente contraste com essa negação da soberania e eficácia da graça salvadora de Deus está o ensino da nossa Confissão. Nela lemos:

    Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça.

    Esta vocação [ou chamado] eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem; na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada. (X.1-2.)

    Nessas seções a fé que abraça a Jesus Cristo para a salvação da alma é remetida à predestinação soberana de Deus como sua fonte, e à operação regeneradora de Deus no coração como sua causa. Deus soberanamente se agradou de transmitir sua graça eficaz, e é a capacitação que vem dessa concessão soberana da graça do Espírito Santo que conduz à fé. A pessoa eficazmente chamada é totalmente passiva nisto até que seja renovada pelo Espírito Santo. Um novo coração foi lhe dado e um espírito reto criado dentro dela pela obra misteriosa do Espírito Santo; e porque ele tem um novo coração e um espírito reto, sua resposta ao chamado do evangelho não pode ser outra senão uma recepção e confiança amorosa. Assim como a reação da mente carnal não pode ser outra senão uma de inimizade contra Deus, assim a reação da mente do Espírito não pode ser outra senão uma de fé e confiança. É a própria natureza do novo coração confiar em Deus como ele é revelado na face de Jesus Cristo.

    Temos aqui em nossa Confissão uma declaração muito elaborada da relação da fé com a regeneração. Nessa esfera do debate teológico nossa posição pode mui prontamente ser testada pelas nossas respostas às questões: Deus nos regenera porque cremos, ou cremos porque Deus nos regenerou? Em outras palavas, qual é a causa primária, a regeneração ou a fé? Há muitos evangélicos que diriam que a fé é o meio da regeneração, que Deus regenera aqueles que crêem e porque eles crêem. Através disso, eles se colocam, quer intencionalmente ou não, no campo Arminiano e na mais decidida oposição à doutrina Reformada. Logicamente eles se colocam - talvez com boas intenções - numa posição que leva à destruição e ruína do verdadeiro evangelicalismo.

    Nós estamos, certamente, usando o termo “regeneração” no sentido restrito do novo nascimento, e nesse sentido a própria marca do Calvinismo e do Agostinianismo de que a fé é o dom de Deus, pois ela procede da operação regeneradora do Espírito Santo como a sua única causa e explicação. Deus elegeu o seu povo para a salvação. Ele ordenou que essa salvação se tornasse deles através da fé. Mas por causa da depravação total dos seus corações e mentes, eles não podem exercer fé; eles estão mortos em delitos e pecados. Para trazê-los à fé Deus implanta pela agência do Espírito Santo um novo coração e um espírito reto dentro deles, e assim, eficazmente e irresistivelmente os traz a Cristo. Eles são feitos dispostos no dia do poder de Deus. Pela graça eles têm sido salvos através da fé, e essa fé não procede deles mesmos, mas é o dom de Deus.

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